Se confirmadas
as expectativas, indústria pode ter demitido mais de 180 mil funcionários no
período de três anos.
SÃO PAULO - A
indústria paulista demitiu 15,5 mil funcionários de janeiro a julho deste ano e
chegou a um patamar negativo não visto desde 2009, ano em que mais foram
sentidos os reflexos da crise econômica mundial desencadeada em
2008.
Na avaliação do
diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação
e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), Paulo
Francini, a perda de empregos da indústria nos últimos três anos pode ser
considerada como "uma calamidade" e, segundo ele, o setor não deve se recuperar
em 2015.
Em julho deste
ano, coincidentemente, o segmento manufatureiro paulista fechou iguais 15,5 mil
postos de trabalho, conforme aponta a Pesquisa de Nível de Emprego do Estado de
São Paulo da Fiesp.
De acordo com
Francini, a indústria deve encerrar mais de 100 mil vagas de trabalho até o fim
deste ano. "Se nós somarmos os resultados são 88 mil empregos perdidos nos anos
2012 e 2013, e agora podemos chegar em 2014 com mais de 100 mil empregos
perdidos, ou seja, você vai acumular mais de 180 mil empregos perdidos no
período de três anos. É uma calamidade, é muito ruim", afirma
Francini.
Na leitura com
ajuste sazonal, o emprego industrial caiu 0,70% em julho. Já no acumulado do
ano, a perda significa uma queda de 0,60%, o pior desempenho desde 2009, quando
índice caiu 2,03%.
Francini estima
que as perdas registradas no emprego em 2014 não devem ser compensadas em 2015,
como aconteceu em 2010, ano no qual a indústria recuperou a perda de 112 mil
postos de trabalho registrada em 2009 com a criação de 115 mil
empregos.
"Se você
comparar com 2009, começava-se a viver no segundo semestre uma perspectiva de
recuperação naquele ano e nós não a vemos em 2014. Portanto, o panorama de
emprego durante 2014 ainda vai se acentuar para pior", explica
Francini.
Ele pondera, no
entanto, que o cenário pode ser incerto uma vez que um novo governo pode assumir
a administração do país. "Não sabemos o que vai acontecer em 2015, se teremos um
novo governo, mas não se prognóstica um desempenho muito favorável para o
próximo ano", diz o diretor da Fiesp e do Ciesp.
Pesquisa por
setor
Em julho, a
indústria sucroalcooleira demitiu 2.585 funcionários, enquanto a indústria de
transformação fechou 12.915 vagas. Já no acumulado do ano, de janeiro a julho, o
segmento de açúcar e álcool criou 16.498 postos de trabalho, enquanto o setor
manufatureiro fechou o mesmo período com 31.998 empregos a
menos.
Dos 22 setores
analisados, 19 registraram baixa em seu quadro de funcionários, enquanto três
contrataram.
A indústria de
máquinas e equipamentos se destacou entre as perdas de julho com fechamento de
2.127 postos de trabalho, seguido pelos setor de produtos alimentícios, com
1.904 demissões.
Já no campo das
contratações, a indústria de produtos químicos criou 554 vagas no mês passado, e
a de celulose, papel e produtos de papel contratou 181
funcionários.
No acumulado do
ano, a indústria de veículos automotores e autopeças registrou a queda no
emprego mais expressiva, com variação negativa de 5,2%. Os fabricantes de
máquinas e equipamentos também anotaram forte baixa em seu quadro de
funcionários, com taxa negativa de 4,9%.
Na contramão, o
setor de coque, petróleo e biocombustíveis, foi destaque entre as contratações
no acumulado do ano com variação positiva de 9,2%, seguido pela indústria de
equipamentos de informática, produtos eletrônicos e óticos, com alta de
5,5%.
Pesquisa por
regiões
A região que
mais registrou desemprego em sua indústria foi a de Jaú, com queda de 5,56% e
baixas nos segmentos de artefatos de couro, calçados (-9,36%) e de produtos
alimentícios (-0,96%). Santo André também registrou perda de 3,06% no emprego,
com as maiores quedas nos setores de produtos de borracha e plástico (-6,35%) e
de produtos alimentícios (-9,60%).
Em Presidente
Prudente, o emprego caiu 2,32%, abatido pelas indústrias de produtos minerais
não-metálicos (-16,13%) e produtos alimentícios (-1,23%).
No âmbito das
contratações, a região de Araraquara registrou a maior alta, a 0,61%, estimulada
pelo segmento de produtos têxteis (5,30%) e de produtos alimentícios (0,30%).
Matão também anotou alta, de 0,47%, uma vez que o emprego aumentou na produção
de máquinas e equipamentos (0,34%) e em produtos alimentícios
(2,35%).
A região de
Indaiatuba computou alta de 0,44% nas contratações, influenciada por máquinas,
aparelhos e materiais elétricos (4,26%) e produtos químicos
(1,35%).
Fonte: DCI - 14/08/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário