segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Indústria paulista demite 15 mil em 2014, pior cenário desde 2009

Se confirmadas as expectativas, indústria pode ter demitido mais de 180 mil funcionários no período de três anos.

SÃO PAULO - A indústria paulista demitiu 15,5 mil funcionários de janeiro a julho deste ano e chegou a um patamar negativo não visto desde 2009, ano em que mais foram sentidos os reflexos da crise econômica mundial desencadeada em 2008.
Na avaliação do diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), Paulo Francini, a perda de empregos da indústria nos últimos três anos pode ser considerada como "uma calamidade" e, segundo ele, o setor não deve se recuperar em 2015.
Em julho deste ano, coincidentemente, o segmento manufatureiro paulista fechou iguais 15,5 mil postos de trabalho, conforme aponta a Pesquisa de Nível de Emprego do Estado de São Paulo da Fiesp.
De acordo com Francini, a indústria deve encerrar mais de 100 mil vagas de trabalho até o fim deste ano. "Se nós somarmos os resultados são 88 mil empregos perdidos nos anos 2012 e 2013, e agora podemos chegar em 2014 com mais de 100 mil empregos perdidos, ou seja, você vai acumular mais de 180 mil empregos perdidos no período de três anos. É uma calamidade, é muito ruim", afirma Francini.
Na leitura com ajuste sazonal, o emprego industrial caiu 0,70% em julho. Já no acumulado do ano, a perda significa uma queda de 0,60%, o pior desempenho desde 2009, quando índice caiu 2,03%.
Francini estima que as perdas registradas no emprego em 2014 não devem ser compensadas em 2015, como aconteceu em 2010, ano no qual a indústria recuperou a perda de 112 mil postos de trabalho registrada em 2009 com a criação de 115 mil empregos.
"Se você comparar com 2009, começava-se a viver no segundo semestre uma perspectiva de recuperação naquele ano e nós não a vemos em 2014. Portanto, o panorama de emprego durante 2014 ainda vai se acentuar para pior", explica Francini.
Ele pondera, no entanto, que o cenário pode ser incerto uma vez que um novo governo pode assumir a administração do país. "Não sabemos o que vai acontecer em 2015, se teremos um novo governo, mas não se prognóstica um desempenho muito favorável para o próximo ano", diz o diretor da Fiesp e do Ciesp.
Pesquisa por setor
Em julho, a indústria sucroalcooleira demitiu 2.585 funcionários, enquanto a indústria de transformação fechou 12.915 vagas. Já no acumulado do ano, de janeiro a julho, o segmento de açúcar e álcool criou 16.498 postos de trabalho, enquanto o setor manufatureiro fechou o mesmo período com 31.998 empregos a menos.
Dos 22 setores analisados, 19 registraram baixa em seu quadro de funcionários, enquanto três contrataram.
A indústria de máquinas e equipamentos se destacou entre as perdas de julho com fechamento de 2.127 postos de trabalho, seguido pelos setor de produtos alimentícios, com 1.904 demissões.
Já no campo das contratações, a indústria de produtos químicos criou 554 vagas no mês passado, e a de celulose, papel e produtos de papel contratou 181 funcionários.
No acumulado do ano, a indústria de veículos automotores e autopeças registrou a queda no emprego mais expressiva, com variação negativa de 5,2%. Os fabricantes de máquinas e equipamentos também anotaram forte baixa em seu quadro de funcionários, com taxa negativa de 4,9%.
Na contramão, o setor de coque, petróleo e biocombustíveis, foi destaque entre as contratações no acumulado do ano com variação positiva de 9,2%, seguido pela indústria de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e óticos, com alta de 5,5%.
Pesquisa por regiões
A região que mais registrou desemprego em sua indústria foi a de Jaú, com queda de 5,56% e baixas nos segmentos de artefatos de couro, calçados (-9,36%) e de produtos alimentícios (-0,96%). Santo André também registrou perda de 3,06% no emprego, com as maiores quedas nos setores de produtos de borracha e plástico (-6,35%) e de produtos alimentícios (-9,60%).
Em Presidente Prudente, o emprego caiu 2,32%, abatido pelas indústrias de produtos minerais não-metálicos (-16,13%) e produtos alimentícios (-1,23%).
No âmbito das contratações, a região de Araraquara registrou a maior alta, a 0,61%, estimulada pelo segmento de produtos têxteis (5,30%) e de produtos alimentícios (0,30%). Matão também anotou alta, de 0,47%, uma vez que o emprego aumentou na produção de máquinas e equipamentos (0,34%) e em produtos alimentícios (2,35%).
A região de Indaiatuba computou alta de 0,44% nas contratações, influenciada por máquinas, aparelhos e materiais elétricos (4,26%) e produtos químicos (1,35%).
Fonte: DCI - 14/08/2014

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