segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Setor sucroenergético x setor do petróleo e gás

Tarcisio Angelo Mascarim*

Com base no artigo: “O que estão fazendo com a nossa economia?”, que eu escrevi em máio/14, aproveito este espaço para apresentar novamente trechos de colocações de duas autoridades respeitadas do setor do agronegocio.

A primeira é da presidente da Unica,  Elizabeth  Farina,  que  disse: “Na  visão   da Unica, há muito tempo não há mais dúvida de que a gravidade da situação enfrentada pelos produtores de etanol tem raízes que levam diretamente a um conjunto de políticas públicas inadequadas adodtadas pelo governo; políticas essas condenadas amplamente por especialistas e observadores de todos os matizes políticos e econômicos. É inadmissível que o governo federal continue insistindo em subsidiar a gasolina, priorizando um combustível fóssil em detrimento de outro limpo e renovável, produzido com tecnologia, máquinas, equipamentos e profissionais brasileiros. Mas grave aínda é não tratar com respeito empresários e trabalhadores do setor sucroenergético, que clamam por políticas públicas que devolvam a competitividade do etanol. Se mantidos a teimosia e o equívoco do governo, seguirão cobrando um preço salgado da sociedade brasileira: a paralização dos investimentos para a expansão do setor sucroenergético e a destruição de milhares de postos de trabalho”.

A outra colocação  é  de  Roberto Rodrigues,  ex-ministro  da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegóecio da Fundação Getulio Vargas, em entrevista ao BrasilAgro: “A gestão de Dilma Rousseff está conseguindo, com um só tiro, matar a Petrobras e o setor sucroenergético”. Para ele, o governo age com preconceito e viés ideológico quando o assunto é a indústria do açúcar e do etanol. “Ela não gosta dos usineiros e isso impede de olhar o setor na sua real dimensão'”.

Naquele artigo, completei: “Mas ela deveria  gostar, pois o setor sucroenergético é o que mais emprega trabalhadores e o que mais gera renda ao nosso País, além de contribuir com o meio ambiente”.

Agora, recebendo  e.mail   de  um  amigo,  em 2 de setembro último, sou obrigado a refazer a minha colocação: a nossa presidente não gosta nem dos usineiros, nem dos  fornecedores da Petrobras, pois além de quebrar o setor sucroenergético, ela está quebrando a empresa e seus fornecedores, que são os grandes grupos da engenharia brasileira. O e.mail estava intitulado “Grupo Inepar, que controla a Iesa, é mais um a pedir recuperação judicial por dificuldades em obras da Petrobras”. Confira:

“A história não é nova. Mais um grande grupo de engenharia brasileiro entra com pedido de recuperação judicial, após meses tentando resolver problemas financeiros sérios. O cenário é bem parecido com o apresentado por outras companhias que trabalham para a Petrobras e vinham tendo grandes dificuldades de relacionamento com a estatal. É a confirmação do legado mais forte que a presidente da Petrobras, Graça Foster, vai deixar de sua administração. Nunca na história da engenharia brasileira tantas empresas quebraram ou estão em gravíssimas dificuldades financeiras em consequência de uma administração da estatal que insiste em represar os pagamentos dos seus claims e produzir desempregos em toda cadeia de fornecimento do petróleo. Dessa vez foi o grupo Inepar, que controla a Iesa. O Conselho de Administração do grupo decidiu entrar com pedido de recuperação judicial referente a Iesa Óleo e Gás, Inepar Equipamentos e Montagens, Iesa Projetos, Inepar Indústria e Construções, Inepar Telecomunicações, Inepar Administração, Iesa Transports, Sadefem e TT Brasil. Os pedidos foram feitos em caráter de urgência.”

E, então, cita outros casos marcantes, que envolveram empresas que  há décadas atuam no setor de óleo e gás:Tenace, da Bahia, que pediu a falência em novembro de 2012 e recebeu a aprovação da justiça em outubro de 2013. A empresa empregava 3 mil funcionários; GDK, que pediu recuperação judicial em janeiro de 2013, por dificuldades financeiras; Conduto, também passava por um momento de aperto em fevereiro de 2013; Multitek, em agosto de 2013, despertou de vez o sinal vermelho do mercado; Produman, também deu um passo atrás, demitindo cerca de 1.500 pessoas; 

Em  2014,  outras  três  companhias  tradicionais,  Fidens, Jaraguá e Contreras, ficaram mais em evidência, também com grandes repercussões em toda a cadeia de engenharia e construção nacional.

Outras   empresas,  como  Egesa,  Sertenco  e  Lomater  também  passaram  por complicações similares, mas o problema não parece ter sido muito bem avaliado internamente pela Petrobras, que passa por uma enorme turbulência de acusações e denúncias.

Para finalizar, eu apresento uma nota da Confederação Nacional do Petróleo, Gás Natural, Biocombustiveis e Energias Renováveis (Conpetro), de 04/01/2013, assinada pelo seu presidente Marcílio Novaes Maxxon:

“Apagão de ânimo no crescimento! A gestão da enga. GRAÇA FOSTER, no comando da Petrobas, é uma gestão temerária para a Companhia, representa um risco para o mercado, e é altamente perigosa para as empresas da cadeia produtiva. Ela está destruindo tudo que levou uma década para se construir. O prejuizo financeiro é do tamanho do plano dela, ou seja R$ 32 bilhões, e no mínimo a falência de diversas empresas e a perda de 1,5 milhão de empregos! Se a Doutora Graça, não tá dando conta do recado, por favor, desocupe a vaga. A senhora é uma pessoa séria e honesta, mas, infelizmente não tem visão necessária para o comando de uma Petrobas. Ela deveria ao menos ouvir e tentar entender a mensagem do making of da gravação do jingle 'Somos todos Petrobras', interpretado por Lenine”.

Concluindo,  a  dedução  que  chego  é  a  seguinte:  se a presidente do Brasil e a presidente da Petrobras, não ligam muito para o resultado positivo, não temos muita esperança na retomada do desenvolvimento econômico, enquanto elas continuarem no poder.

(Tarcisio Angelo Mascarim é secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Piracicaba e diretor do SIMESPI)

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