Economia
Idiana
Tomazelli
A
percepção sobre a situação atual do clima econômico brasileiro piorou em
outubro deste ano e, aos 30 pontos, atingiu nível idêntico a janeiro de 1999 e
o pior patamar desde abril de 1993 (26 pontos).
Os dados
fazem parte da Sondagem da América Latina, divulgada nesta quinta-feira,
13, pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com o instituto alemão Ifo.
No início
de 1999, o Brasil estava em plena transição do regime de câmbio fixo para o
flutuante, o que provocou uma maxidesvalorização do real ante o dólar. Já em
abril de 1993, o País vivia a época da hiperinflação, além de ter
recém-assistido ao impeachment do presidente Fernando Collor.
A chegada
aos 30 pontos mostra que a percepção sobre o momento econômico está bastante
ruim, observou a economista da FGV Lia Valls, pesquisadora responsável pela
sondagem. "A avaliação da situação atual no Brasil tem tido quedas
constantes", disse.
Um
quesito levantado nesta edição da pesquisa dá pistas dos motivos por trás dessa
deterioração. A falta de confiança na política econômica do governo foi o
principal problema citado pelos especialistas ouvidos na sondagem.
"O
problema de confiança na política do governo começa a aparecer como um problema
grave a partir de 2013. É impressionante como houve uma mudança na avaliação,
claramente. Acho que isso está ligado ao momento em que os problemas começaram
a aparecer. Você tem a inflação aparecendo cada vez mais como problema. O
déficit público também voltou e cresceu", disse Lia.
Na
sequência, despertam a preocupação de especialistas a falta de competitividade
internacional (algo comum nas economias da América Latina), a inflação, o
déficit público e a falta de mão de obra qualificada, nesta ordem.
Os
analistas ainda revisaram a projeção de crescimento médio para o Brasil nos
próximos três a cinco anos, de 2,6% para 2,2%.
O novo
número posiciona o País como o segundo pior desempenho da região, atrás apenas
da Venezuela, que deve ter média negativa em 0,1% no período.
Apesar da
deterioração sobre a situação atual, o Índice de Clima Econômico (ICE)
brasileiro subiu 3,6% no trimestre até outubro em relação aos três meses até
julho, passando de 55 pontos para 57 pontos. O impulso veio das expectativas,
que avançaram 23,5% (para 84 pontos).
"Deve
ter captado (o período das eleições), porque não houve nenhuma mudança, nada
que inspirasse melhora das expectativas", afirmou a economista.
Ao longo
dos meses de setembro e outubro, as sondagens empresariais da FGV mostraram
piora da situação atual e melhora das expectativas.
À época,
os pesquisadores atribuíram o avanço das percepções em relação ao futuro à
redução das incertezas diante da definição do novo presidente da República.
Lia
destacou ainda que o cenário não deve ser muito promissor nos próximos meses,
diante do enfraquecimento da visão de clima econômico no mundo.
O ICE
mundial recuou 14% em outubro, para 112 pontos, com piora nas principais
economias: Estados Unidos, China e União Europeia.
"Há
uma possível tendência de piora ou cenário não tão bom nos próximos períodos,
pela piora no clima econômica do mundo", disse. (Estadão Conteúdo)
Fonte: Exame
Seção: Economia
Publicação: 13/11/2014
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