Automobilística
& Autopeças
O número
de automóveis no país vai quase quadruplicar até 2050, segundo previsão oficial
do Ministério de Minas e Energia. Essa projeção foi incluída no Plano Nacional
de Energia (PNE) 2050, que vem sendo debatido entre governo e sociedade. De
acordo com o PNE, a frota de veículos leves deverá saltar de 36 milhões em 2013
para 130 milhões em 2050.
O governo
argumenta que essa projeção tem bases realistas, porque aproximaria o número de
carros por habitante dos níveis de países desenvolvidos, como Espanha e
Alemanha. Nessa linha, o Brasil deixaria de ter cinco habitantes por carro em
2012 para passar a ter quase um carro para cada dois habitantes em 2050.
"Chegaremos à realidade de países europeus, em termos de motorização. Não
é nada fora da realidade, é bem pragmático até", disse Ricardo Gorini,
superintendente de estudos econômicos e energéticos da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), autora do PNE 2050.
Técnicos do governo reconhecem que essa expansão exigirá grandes desafios na
infraestrutura urbana, mas apontam também que, dependendo da evolução do
transporte público, o aumento do número de carros pode não ser acompanhado pela
sua intensidade de uso. Ou seja, mais pessoas poderiam ter carros, mas apenas
para uso eventual ou lazer, não para a locomoção diária.
"Ressalta-se que, apesar do expressivo crescimento da frota de veículos
leves, o aumento da participação desse modal na matriz de transporte de
passageiros cresce menos de 2 pontos percentuais (para 55% em 2050), em virtude
das melhorias do transporte urbano e da menor quilometragem média dos veículos
leves", explica o relatório do PNE 2050, que foi apresentado para
discussão pública.
Racionalidade - Marcos Bicalho, diretor da Associação Nacional de Transportes
Urbanos (NTU), acredita que o brasileiro passará a usar os automóveis de
maneira mais racional no futuro, mesmo que tenha maior acesso a eles. Ele
avalia que, com uma melhor qualidade dos serviços públicos de transporte, num
horizonte mais longo, os governos tenderão a adotar medidas de restrição ao uso
do veículo próprio, como pedágios urbanos. Estacionamentos também ficariam mais
caros.
"Se você investe na melhor qualidade do transporte público, o cidadão passa
a poder escolher como se locomove. No mundo todo, as pessoas não usam veículos
próprios para deslocamentos do dia a dia, e sim transporte público", disse
Bicalho.
A EPE prevê, ainda, que o uso da gasolina e do etanol atingirá seu ápice nas
próximas décadas, mas que, em 2050, todos os automóveis novos vendidos no país
serão abastecidos por energia elétrica ou, pelo menos, híbridos, funcionando
com eletricidade e outra fonte derivada do petróleo. Na previsão da EPE, a
partir da década de 2040, com a melhoria de eficiência, o consumo de
combustíveis leves será reduzido. Mesmo assim, estima-se que ele dobrará em 30
anos.
"A expansão da frota de veículos leves no Brasil nas próximas décadas traz
um grande desafio no que se refere a impacto ambiental, notadamente o aumento
de emissões de gases do efeito estufa, além de questões relacionadas à
mobilidade urbana", segundo o PNE 2050. (AG)
Fonte: Diário do Comércio
Seção: Automobilística & Autopeças
Publicação: 26/11/2014
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