Em março passado, escrevi um artigo com o título “É preciso mudar o
perfil de transportes”, mencionando, em termos de custos, que, atualmente, o
mais caro é o transporte aéreo, seguido pelo rodoviário, ferroviário e o
hidroviário, e explicando a necessidade de mudarmos este perfil, já que o
transporte rodoviário é o segundo mais caro, é mais inseguro e mais poluente - hoje,
representa mais de 70% dos transportes de carga.
Com o anúncio do projeto do aproveitamento múltiplo de Santa Maria da
Serra, um trabalho conjunto dos governos estadual e federal, que visa realizar
obras de correção dos leitos dos rios para torná-los navegáveis e construir
canais artificiais de ligação e barragens com eclusas, estou crendo que seja o
início da mudança do perfíl de transportes no Brasil. O EIA-RIMA deste projeto
está na Cetesb, para a sua aprovação, com todas as compensações ambientais e
econômicas devidamente apresentadas.
Causa-me espanto, porém,
que inúmeras entidades e autoridades, estejam, até de maneiras radicais,
tentando bloquear um projeto, que só trará benefícios.
Cito como exemplo de movimento contrário o evento promovido pelo
Comdema, no último dia 14 de maio, no Centro Cívico, com o título “Avaliando a
barragem do rio Piracicaba”, que apresentou pareceres de várias
autoridades contrárias à implantação do
projeto, sem direito de defesa por parte de algumas autoridades presentes.
Outro exemplo é o artigo do Professor Adjunto da Unesp de Rio Claro, Roberto Braga, o qual, no próprio título, já demonstra uma atitude radical: “A quem interessa a construção da barragem de Santa Maria da Serra?”. Eu respondo: interessa a Piracicaba, ao estado de São Paulo e ao Brasil. Para as demais perguntas registradas no artigo, eu sugiro consultar o site hidroviariopiracicaba.blogspot.com.br, para obter todas as respostas.
O que precisamos é avaliar
melhor as vantagens e desvantagens do projeto, pois a formação de represa no
rio Piracicaba para estender a Hidrovia Tietê Paraná é um projeto
supra-partidário, por mérito da própria Hidrovia. Há uma união de esforços para
concretizar um objetivo estratégico para o país, uma vez que, o orçamento da
obra, por exemplo, é composto por recursos do Governo do Estado de São Paulo,
via DH, e também do Governo Federal, por meio do PAC 2.
Até a oposição defende a Hidrovia. Um bom exemplo é o senador Paulo Paim
(PT-RS), que defendeu, no último dia 16 de abril, em discurso da tribuna, a
ampliação do sistema hidroviário no país. Conforme relatou, essa modalidade
apresenta inúmeras vantagens econômicas, sociais e ambientais, quando comparada
com rodovias e ferrovias. Segue
“Os rios possuem potencial para transporte de pessoas a preços muito
menores que ônibus e aviões”, disse, ressaltando ainda que a ampliação do
transporte hidroviário representaria uma redução dos acidentes verificados nas
estradas do país. O parlamentar destacou, também, as vantagens ambientais das
hidrovias: “O modal hidroviário apresenta eficiência energética 29 vezes
superior ao rodoviário. Além disso, consome 19 vezes menos combustíveis e emite
seis vezes menos gás carbônico. Em outras palavras, é um meio de transporte
ecologicamente correto e ambientalmente sustentável”.
Paim, observou ainda que o uso do sistema hidroviário para circulação de
pessoas e mercadorias permitiria uma 'substancial redução de tarifas e fretes'.
“De acordo com o Ministério de Transportes, o frete hidroviário para minérios e
grãos é cerca de metade do valor do modal ferroviário e de apenas 25% do valor
do frete rodoviário”, falou.
Ele informou ainda que, “enquanto um
caminhão consome 96 litros
de diesel por quilômetro para transportar uma tonelada, a mesma carga
transportada por hidrovia consome apenas cinco litros de diesel por quilômetro.
Apesar de todas essas vantagens”, disse, “o transporte de cargas por hidrovias
representa hoje apenas 4% do total, contra 58% do transporte rodoviário”.
No pronunciamento, o
senador também informou que já foram iniciadas as providências para viabilizar
a hidrovia Brasil-Uruguai, chamada de hidrovia do Mercosul. “A implantação da
hidrovia do Mercosul é um exemplo do grande potencial de crescimento do
transporte hidroviário no Brasil, relegado, por décadas, a segundo plano”,
disse. O parlamentar afirmou que irá acompanhar a implantação dos projetos e
lutar por recursos orçamentários para o financiamneto do transporte
hidroviário.
Pela importância da
implantação da nossa hidrovia, senhores, senhoras, autoridades e entidades, que
tentam bloquear a aprovação deste projeto, vamos estudar melhor as vantagens e
desvantagens e participar do desenvolvimento econômico sustentável, que a
Hidrovia de Santa Maria, permitirá à nossa cidade, ao nosso estado e ao nosso
Brasil.
(Tarcisio Angelo Mascarim
é secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Piracicaba e diretor do
SIMESPI)