sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Acidente no trânsito não é ′de trabalho′ - TRF exclui acidente de trajeto do cálculo de fator previdenciário.

O Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região (SP e MS) concedeu a pelo menos duas empresas o direito de excluir do cálculo do Fator Acidentário de Prevenção (FAP) acidente sofrido por funcionário no percurso do trabalho para casa. Com a retirada, os contribuintes conseguem reduzir o valor da contribuição ao Riscos Ambientais do Trabalho (RAT) - antigo Seguro Acidente de Trabalho (SAT).

O FAP foi adotado pela Previdência Social para reduzir ou aumentar as alíquotas da contribuição ao RAT, com base nos índices de cada empresa. Como varia de 0,5 a dois pontos percentuais, pode reduzir à metade ou dobrar a alíquota do tributo (de 1% a 3%), que incide sobre a folha de salários.

A Justiça classifica como acidente de trabalho aquele ocorrido no trajeto de casa para o emprego ou vice-versa. Porém, de acordo com decisão proferida em julho pelo TRF, não deve ser computado para o cálculo do FAP. "Isso nada tem a ver com o risco presente no ambiente de trabalho e com o acidente que decorre desse risco, quando resta configurado o nexo de causalidade entre a ação ou omissão do empregador e o acidente laboral", afirma na decisão o desembargador José Lunardelli, relator de processo analisado pela 11ª Turma.

O magistrado ainda cita um exemplo: "Se o trabalhador, ao retornar para sua casa após um dia de trabalho, é alvejado por tiros disparados pela arma de um ladrão, isso não pode ser imputado à empresa, que não é responsável pela segurança pública, essa dever do Estado."

Com a decisão da 11ª Turma, relativa a um acidente de trânsito que resultou na morte de um trabalhador de uma empresa de gerenciamento de energia, o FAP poderá cair para 1,4%, segundo a advogada que a representa no processo, Mariana Neves de Vito, do Trench Rossi Watanabe Advogados Associados. Isso porque os contribuintes têm direito a uma bonificação de 25% se não registram acidentes fatais. "Entramos com o mandado de segurança para contestar a trava de mortalidade e permitir à empresa aplicar a bonificação", afirma Mariana. "No caso, o acidente de trânsito não poderia ser fiscalizado ou evitado pela companhia. Assim, não poderia influenciar no cálculo do tributo."

A Procuradoria Regional da Fazenda Nacional da 3ª Região ainda não foi intimada da decisão, mas pretende recorrer. Para a procuradora-chefe da unidade, Soleni Sônia Tozze, o acidente de trajeto deve ser computado no cálculo do FAP por ser relativo ao trabalho. "Para a proteção social do trabalhador não interessa onde o acidente ocorreu. O infortúnio, em qualquer caso, será ônus da Previdência Social, cabendo o custeio a maior pela empresa que lhe dá causa", diz a procuradora.

A outra decisão do TRF da 3ª Região, nos mesmos termos, é da 1ª Turma e a relatora foi a desembargadora Vesna Kolmar.

Para o advogado Leonardo Mazzillo, do WFaria Advogados, a decisão do TRF da 3ª Região é acertada. "A empresa pode investir em segurança do trabalho e saúde ocupacional e ocorrer um acidente de trajeto. O empregado pode ser imprudente no trânsito", afirma. Além disso, segundo o advogado, o empregado que fica menos de 15 dias afastado não gera gastos para a Previdência Social. "Mas o acidente é registrado via Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) e acaba afetando o cálculo do FAP."

Em 2003, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) consideraram o SAT constitucional. Mas o FAP e seu cálculo ainda serão debatidos pelo Plenário da Corte, com efeito de repercussão geral. O julgamento, ainda sem data para acontecer, está à espera de um parecer do procurador-geral da República, Rodrigo Janot Monteiro de Barros. O relator do recurso apresentado pela Komatsu Forest Indústria e Comércio de Máquinas Florestais é o ministro Luiz Fux.

As decisões do TRF, segundo Mazzillo, podem reforçar os argumentos sobre a inconstitucionalidade do FAP. Para ele, o fator é inconstitucional por ser em parte baseado em estatísticas às quais as empresas não têm acesso por serem relacionadas a outros contribuintes e trabalhadores. "Tais dados são sigilosos, o que faz com que o FAP, por natureza, viole o direito ao devido processo legal, contraditório e ampla defesa", diz.

Porém, Mazzillo pondera que só é válido discutir o fator previdenciário na Justiça se for superior a 1. Só acima deste percentual, a alíquota do RAT - que depende do grau de risco da atividade desenvolvida pelo contribuinte - será elevada. Um FAP de 0,5 sobre um RAT de 3%, por exemplo, reduz a alíquota a pagar para 1,5%. "Nesse caso, é melhor discutir apenas o cálculo do FAP", afirma o advogado.

Fonte: Valor Econômico, por Laura Ignacio, 20.08.2014

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A confiança dos empresários em relação aos próximos meses, no entanto, melhorou – subíndice cresceu 1,8% na prévia de agosto, na comparação com o resultado final de julho

A prévia de agosto do Índice de Confiança da Indústria (ICI) teve queda de 1,2% na comparação com o resultado final de julho. Caso o índice se confirme no resultado final de agosto, o ICI terá a oitava queda consecutiva e atingirá o menor patamar desde abril de 2009.

De acordo com a Fundação Getulio Vargas, a queda do indicador é causada por piora na avaliação dos empresários da indústria sobre o momento presente. O subíndice da Situação Atual teve queda de 4% na prévia de agosto, em relação ao resultado consolidado de julho.

A confiança dos empresários em relação aos próximos meses, no entanto, melhorou. O subíndice de Expectativas cresceu 1,8% na prévia de agosto, na comparação com o resultado final de julho. Essa foi a primeira alta depois de sete meses de queda.

Os dados preliminares da Sondagem da Indústria, pesquisa usada para calcular o ICI, também indicam aumento no Nível de Utilização da Capacidade Instalada entre julho e agosto, de 83,2% para 83,3%. Para a prévia da sondagem foram consultadas 802 empresas entre os dias 4 e 18 deste mês. O resultado final da pesquisa será divulgado na próxima quarta-feira (27).

Fonte: Agência Brasil (Disponível em http://www.ig.com.br)

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Venda de máquinas está em colapso no País

Recém-empossado como presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o empresário Carlos Pastoriza ressalta que o segmento vive um momento difícil. A expectativa é de que o faturamento do setor caia entre 10% a 15% nesse ano frente aos R$ 80 bilhões movimentados em 2013. Para ele, a conjuntura econômica pouco favorável aliada ao chamado Custo Brasil faz com que “as vendas estejam entrando em colapso”. Mesmo assim, o dirigente confia que o quadro pode ser revertido nos próximos anos. Pastoriza veio ontem a Porto Alegre para se reunir com empresários gaúchos do setor de bens de capital mecânicos e representantes locais dos setores metalmecânico e eletroeletrônico.

Jornal do Comércio – Quais são os desafios do setor nestes próximos quatro anos?

Carlos Pastoriza – Temos anos muito desafiadores pela frente. Nesta equação macroeconômica que o País se encontra hoje, a indústria de transformação está na ponta perdedora. Ao contrário de outros setores, nossos produtos são facilmente importáveis e exportáveis, então você não tem uma barreira natural como o setor de serviços ou a construção civil possuem. Você não consegue importar apartamento da China, mas pode trazer uma máquina de onde você quiser. A isso se soma o fato de que somos, por definição, uma indústria de cadeia longa. Até se chegar à máquina, por exemplo, passa-se por sete ou oito estágios de transformação. O minério de ferro vira barra, que vira chapa, que depois dobra e vira uma peça, que depois vira um conjunto e aí se torna uma máquina. Em cada um desses estágios, o Custo Brasil incide. Então, somos muito mais afetados por tributos, câmbio ruim e juros altos. É necessário fazer um ataque sem trégua a todos esses componentes do chamado Custo Brasil.

JC – Esse é um dos momentos mais difíceis para o setor?

Pastoriza – Estamos vivendo um dos momentos mais delicados em, pelo menos, 20 anos. Jamais houve uma conjugação tão nefasta de fatores, como o câmbio subvalorizado, que encarece os nossos custos e barateia a importação. Hoje em dia, qualquer industrial se tiver a ideia de buscar a melhor tecnologia do mundo, vai colocar na planilha os custos e verá que terá um custo 30% mais caro do que na Europa. Isso, principalmente por causa do câmbio

JC – Mesmo o câmbio consolidado em um patamar acima de R$ 2,00 nos últimos dois anos não trouxe melhoras para o setor na exportação?

Pastoriza – Olha, é que lá atrás estava pior ainda. O cálculo que fazemos é outro. Basta você voltar a 2001, na época do Fernando Henrique (Cardoso) na presidência, que era quando tínhamos um saldo positivo na balança comercial (da indústria). Naquela época, o câmbio era igual ao de hoje, em torno de R$ 2,30 cada dólar. Nesses 13 anos, o câmbio subiu e desceu, mas agora está no mesmo patamar de antes. Só que a inflação aumentou quase 100%. Isso significa que os custos aumentaram significativamente. E não há choque de inovação que compense. A nossa defasagem é brutal. Não há como um país como o nosso aumentar o PIB per capita sem que haja industrialização. Não vai ser exportando minério de ferro ou soja que vamos enriquecer. Não tenho nada contra a exportação de commodities. Os Estados Unidos exportam muitas commodities, mas são uma potência industrial. Nós, com juros altos que atraem capital especulativo e mantêm o câmbio desfavorável, estamos matando a indústria de transformação. O pessoal da indústria extrativa está bem e tira de letra o Custo Brasil, pois os preços das commodities explodiram em dólar. E a construção civil também não vai mal, pois eles têm uma proteção natural, já que ninguém vai importar casa da China. Aí eles jogam o Custo Brasil nos preços dos imóveis. Já a indústria de transformação está sendo destroçada. Se isso não for revertido rapidamente, vamos condenar o Brasil a ser um país colônia e não uma potência, pois só vai exportar commodities e importar tudo que for transformado.

JC – De que forma a própria indústria de transformação pode agir para reverter isso?

Pastoriza – As empresas precisam fazer a sua revolução interna. Um programa de modernização do parque fabril brasileiro é fundamental. O maquinário das indústrias brasileiras tem uma idade média de 17 anos, o que é horrorosamente velho. Na Alemanha, a média do parque fabril é de seis anos. Os alemães estão trabalhando de uma forma muito mais automatizada e veloz que os brasileiros. Por isso, a competitividade do trabalhador alemão é quatro vezes maior que a do brasileiro. Cerca de 60% da produtividade de uma fábrica tem a ver com a modernidade dos equipamentos disponíveis ao
trabalhador.

JC – Qual seria o investimento necessário para indústria modernizar seu maquinário?

Pastoriza – Em termos de custo de reposição de maquinário em todo o parque fabril brasileiro vale R$ 1,6 trilhão, sendo que 30% disso tem mais de 20 anos de idade. São equipamentos obsoletos. Já conversamos com a presidente Dilma Rousseff e a nossa proposta é de que se faça um programa com oito anos de duração chamado Modermaq, para substituir esse maquinário ultrapassado. Seriam necessários investir R$ 560 bilhões para substituir esses 30%. Nós queremos um programa no qual quem tem equipamento velho faça o descarte em um centro homologado pelo governo. Depois a empresa iria ao fabricante de máquinas e o governo daria crédito fiscal (para abater de impostos federais) equivalente a 15% do valor do equipamento novo. Além disso, pedimos uma linha de financiamento mais agressiva que o PSI-Finame. Se o governo fizer essa iniciativa estimamos que, em oito anos, metade dos equipamentos com mais de 20 anos serão trocados, totalizando R$ 280 bilhões em troca de maquinário no período. Isso daria um choque de produtividade, que impactaria em, pelo menos, 1 ponto percentual a mais no PIB do País por ano. Já soubemos que o governo está preparando um programa semelhante a esse, que está sendo finalizado.

JC – Mesmo com a conjuntura delicada, o empresário industrial iria investir em maquinário nesse momento?

Pastoriza – Tem razão. Nenhum empresário compra equipamento porque está barato, ele tem que enxergar esse ganho de produtividade. Acreditamos que, no começo, a participação seria mais tímida. A adesão a esse programa vai aumentar conforme o Brasil faça seu dever de casa e o PIB cresça. Com o PIB crescendo e o Custo Brasil baixando, o empresário vai estar incentivado a trocar o equipamento velho pelo novo.
 
Jornal do Comércio – 19/8/2014 - Fernando Soares
 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Indústria paulista demite 15 mil em 2014, pior cenário desde 2009

Se confirmadas as expectativas, indústria pode ter demitido mais de 180 mil funcionários no período de três anos.

SÃO PAULO - A indústria paulista demitiu 15,5 mil funcionários de janeiro a julho deste ano e chegou a um patamar negativo não visto desde 2009, ano em que mais foram sentidos os reflexos da crise econômica mundial desencadeada em 2008.
Na avaliação do diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), Paulo Francini, a perda de empregos da indústria nos últimos três anos pode ser considerada como "uma calamidade" e, segundo ele, o setor não deve se recuperar em 2015.
Em julho deste ano, coincidentemente, o segmento manufatureiro paulista fechou iguais 15,5 mil postos de trabalho, conforme aponta a Pesquisa de Nível de Emprego do Estado de São Paulo da Fiesp.
De acordo com Francini, a indústria deve encerrar mais de 100 mil vagas de trabalho até o fim deste ano. "Se nós somarmos os resultados são 88 mil empregos perdidos nos anos 2012 e 2013, e agora podemos chegar em 2014 com mais de 100 mil empregos perdidos, ou seja, você vai acumular mais de 180 mil empregos perdidos no período de três anos. É uma calamidade, é muito ruim", afirma Francini.
Na leitura com ajuste sazonal, o emprego industrial caiu 0,70% em julho. Já no acumulado do ano, a perda significa uma queda de 0,60%, o pior desempenho desde 2009, quando índice caiu 2,03%.
Francini estima que as perdas registradas no emprego em 2014 não devem ser compensadas em 2015, como aconteceu em 2010, ano no qual a indústria recuperou a perda de 112 mil postos de trabalho registrada em 2009 com a criação de 115 mil empregos.
"Se você comparar com 2009, começava-se a viver no segundo semestre uma perspectiva de recuperação naquele ano e nós não a vemos em 2014. Portanto, o panorama de emprego durante 2014 ainda vai se acentuar para pior", explica Francini.
Ele pondera, no entanto, que o cenário pode ser incerto uma vez que um novo governo pode assumir a administração do país. "Não sabemos o que vai acontecer em 2015, se teremos um novo governo, mas não se prognóstica um desempenho muito favorável para o próximo ano", diz o diretor da Fiesp e do Ciesp.
Pesquisa por setor
Em julho, a indústria sucroalcooleira demitiu 2.585 funcionários, enquanto a indústria de transformação fechou 12.915 vagas. Já no acumulado do ano, de janeiro a julho, o segmento de açúcar e álcool criou 16.498 postos de trabalho, enquanto o setor manufatureiro fechou o mesmo período com 31.998 empregos a menos.
Dos 22 setores analisados, 19 registraram baixa em seu quadro de funcionários, enquanto três contrataram.
A indústria de máquinas e equipamentos se destacou entre as perdas de julho com fechamento de 2.127 postos de trabalho, seguido pelos setor de produtos alimentícios, com 1.904 demissões.
Já no campo das contratações, a indústria de produtos químicos criou 554 vagas no mês passado, e a de celulose, papel e produtos de papel contratou 181 funcionários.
No acumulado do ano, a indústria de veículos automotores e autopeças registrou a queda no emprego mais expressiva, com variação negativa de 5,2%. Os fabricantes de máquinas e equipamentos também anotaram forte baixa em seu quadro de funcionários, com taxa negativa de 4,9%.
Na contramão, o setor de coque, petróleo e biocombustíveis, foi destaque entre as contratações no acumulado do ano com variação positiva de 9,2%, seguido pela indústria de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e óticos, com alta de 5,5%.
Pesquisa por regiões
A região que mais registrou desemprego em sua indústria foi a de Jaú, com queda de 5,56% e baixas nos segmentos de artefatos de couro, calçados (-9,36%) e de produtos alimentícios (-0,96%). Santo André também registrou perda de 3,06% no emprego, com as maiores quedas nos setores de produtos de borracha e plástico (-6,35%) e de produtos alimentícios (-9,60%).
Em Presidente Prudente, o emprego caiu 2,32%, abatido pelas indústrias de produtos minerais não-metálicos (-16,13%) e produtos alimentícios (-1,23%).
No âmbito das contratações, a região de Araraquara registrou a maior alta, a 0,61%, estimulada pelo segmento de produtos têxteis (5,30%) e de produtos alimentícios (0,30%). Matão também anotou alta, de 0,47%, uma vez que o emprego aumentou na produção de máquinas e equipamentos (0,34%) e em produtos alimentícios (2,35%).
A região de Indaiatuba computou alta de 0,44% nas contratações, influenciada por máquinas, aparelhos e materiais elétricos (4,26%) e produtos químicos (1,35%).
Fonte: DCI - 14/08/2014

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Israel vs Palestina = mortes inocentes

Tarcisio Angelo Mascarim            

Não sendo matéria de minha especialidade, mas de interesse de todos nós, foi publicado em abril de 2005, um artigo de minha autoria, sobre o conflito no Oriente Médio, que estava afetando o mundo como um todo, com o título “Religião – Fanatismo – Terrorismo”. De lá até hoje, muito foi discutido, mas pouco resolvido, tanto que acompanhamos, atualmente um conflito que está matando até crianças. 

Permito-me  transcrever, novamente,  parte  do  texto  daquele  artigo,  para conhecimento de todos que não leram, na ocasião. Ao final, minha opinião sobre a   solução para este conflito. Vamos ao texto do artigo de 2005:

“Para entendermos melhor o que acontece com certas pessoas, tomo a liberdade de apresentar, em primeiro lugar, a definição, conforme dicionário brasileiro, das seguintes palavras:

Religião – Culto prestado à divindade, doutrina de crença religiosa; acatamento às coisas sagradas; fé; devoção; piedade; respeito; escrupulo.

Religioso – Relativo, pertencente ou conforme à religião; observante dos deveres religiosos; devoto; escrupuloso no cumprimento dos deveres; respeitoso.

Fanatismo – Ilusão, erro ou tenacidade de fanático; facciosismo partidário; paixão cega e ardente; dedicação exagerada.

Fanático – Diz-se daquele que se julga inspirado por alguma divindade; que, ou aquele que tem paixão exagerada por uma ideia, doutrina ou religião; obstinado; desvairado.

Terrorismo – Sistema de governar pelo terror ou por meio de medidas violentas.

Terrorista – Diz-se da pessoa que é partidária do terrorismo; indivíduo que infunda terror.

Somente  pelas  definições,  começamos  a  entender o que acontece no Oriente Médio, entre palestinos e israelenses, que há anos, têm tentado viver pacificamente uns com os outros. Mas a maioria dos israelenses é judeu, e a maioria dos palestinos é muçulmano ou cristão. Praticam religiões diferentes e possuem línguas e costumes distintos.

Dessa   forma,   é    dificil   colocar   de   lado   os   desentendimentos   e   partilhar pacificamente um país que ambos consideram seu lar.Mas  não  é  de  agora  esse  conflito.  É  preciso voltar aos tempos bíblicos para entender.

 A região conhecida como Oriente Médio é o lar de três das maiores religiões do mundo. Em ordem de idade, há o judaismo, o cristianismo e o islamismo. As raízes de todas as três remetem a um homem chamado Abraão. Sua vida e família são descritas em um livro que os judeus chamam de Torá e os cristãos chamam de Velho Testamento. A história de Abraão também se encontra no livro sagrado do Islã, que é chamado de Alcorão.

As histórias dizem que Abraão teve dois filhos, Ismael e Isaac, que tinham mães diferentes. Ismael foi um ancestral de Maomé, o fundador da religião muçulmana. Muitas pessoas na Palestina veem Ismael como seu antepassado.Isaac teve um filho, Jacó, também chamado de Israel, que é conhecido como um dos primeiros líderes do povo judeu. O atual país conhecido como Israel leva o seu nome.

Segundo os livros sagrados, a mães de Isaac, Sara, e a mãe de Ismael, Hagar, nutriam ressentimento uma em relação à outra. O ressentimento teria passado para seus filhos e para os filhos de seus filhos. Por séculos, eles disputaram a terra que é importante para suas religiões. Em resumo, o conflito do Oriente Médio é uma briga em família, entre primos.

Voltando aos tempos modernos, no inicio do século 20, a Palestina, ou o que atualmente é Israel, era controlada pelos britânicos. Durante a Primeira Guerra Mundial, em troca de apoio na guerra, eles permitiriam aos palestinos a criação de um reino árabe. Mas os britânicos, também, prometeram a mesma coisa aos judeus.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), cerca de 6 milhões de judeus foram mortos na Europa pelos nazistas. Muitos sobreviventes judeus queriam um lugar seguro que pudessem chamar de lar. Eles escolheram a Palestina e começaram a se deslocar para lá, devido à sua importância religiosa para sua fé.

Os árabes que viviam lá não ficaram  felizes  com  a situação, e foi aí que as sementes do atual conflito foram plantadas.

Em 1947, as Nações Unidas votaram pela divisão da Palestina em dois Estados: um, para os judeus; outro, para os árabes. Os britânicos deixaram o Oriente Médio em 1948, e Israel foi criado. Os países árabes da região protestaram contra a criação do Estado israelense, e a guerra estourou.

Outras  guerras  se  seguiram,  incluindo  a  Guerra dos Seis Dias em 1967, e a Guerra do Iom Kippur em 1973.

Nos anos 80, palestinos e israelenses ainda não se entendiam. Os palestinos iniciaram um movimento para reclamar sua terra. Manifestantes atiraram pedras contra soldados israelenses, que, às vezes, respondiam atirando contra eles e os prendendo. Este levante se tornou conhecido como Intifada (rebelião).

Para impedir um maior derramamento de sangue, os líderes mundiais pediram a Yasser Arafat, o líder do povo palestino, que aceitasse uma solução na qual a Palestina e Israel pudessem coexistir.

Arafat  e  o  líder israelense Yitzhak Rabin finalmente assinaram em 1993, um acordo para pôr um fim ao conflito. Ele é conhecido como Acordo de Oslo, que deu aos palestinos o controle de duas regiões, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, à margem oriental do Rio Jordão.

Em  1995,  Rabin  foi  assassinado por um extremista judeu que se opunha ao acordo de paz.
Benjamin Netanyahu, que foi eleeito para substituir Rabin, assumiu uma posição mais dura. Ele permitiu que colonos judeus ocupassem áreas que o Acordo de Oslo determinava como pertencentes aos palestinos, o que levou a mais confrontos violentos entre israelenses e palestinos.

Ao longo dos anos 1990, as negociações de paz continuaram, mas eram frequentemente interrompidas, na maior parte das vezes devido a questão dos locais onde as pessoas poderiam viver.

O atual primeiro-ministro de Israel, Ehud Barak, tem trabalhado com Arafat para obter a paz. Eles chegaram bem perto de um acordo no ano passado, quando se encontraram com o presidente Clinton, nos Estados Unidos.

Mas, em setembro do ano passado, quando o político israelense Ariel Sharon, visitou um local sagrado, tanto para judeus, quanto para os muçulmanos, começou novamente a crise, pois os palestinos ficaram irados com a visita, e responderam com a destruição de um local sagrado judeu. A partir dai, os conflitos se seguiram e muitas pessoas foram mortas.

No meu entender, um acordo de paz somente se negociará, quando as partes agirem dentro da religião, com fé, respeito e escrúpulo, deixando de lado o fanatismo.

Por  falar  em fanatismo, vamos conhecer um pouco do homem mais procurado do planeta, ou seja, Osama Bin Laden, que do fanatismo, partiu para o terrorismo.

Conforme noticiário, foi a partir da Guerra do Golfo, em 1991, que Bin Laden direcionou seu ódio aos norte-americanos. Segundo um especialista, ele se opunha à presença das tropas dos Estados Unidos na Arábia, alegando se tratar de solo sagrado aos infiéis (ou não muçulmanos), segundo o Alcorão. Mesmo se posicionando ao lado do Iraque, ainda tentou uma saída política, apresentando propostas que evitassem a profanação do solo árabe, mas ficou enfurecido ao saber que os militares estavam a caminho.Terminada a guerra, sua raiva aumentou mais ainda com a instalação de uma base permanente dos Estados Unidos na Arábia.

Bastou um ano para que o ódio de Bin Laden aos Estados Unidos resultasse em ações. Em 1992, um ano depois de deixar a Arábia e se abrigar no Sudão, ele foi relacionado a um ataque que matou 18 soldados norte-americanos da força de paz das Nações Unidas na Somália.

No ano seguinte, foi apontado como mentor do atentado a bomba, contra o World Trade Center, em Nova York, que deixou seis mortos. Já naquela vez, a intenção era causar uma tragédia. Os terroristas tentaram demolir um lado da base de uma das torres gêmeas, fazendo-a cair sobre a outra. Depois, as duas desabariam sobre outros prédios, causando dezenas de milhares de mortos. Enquanto isso, outros grupos terroristas exploririam mais prédios e pontes na cidade, formando um cenário de caos. Por pouco o plano não deu certo.

No Sudão, Bin Laden planejou as ações de uma guerra muçulmana. Em 1996, quando a pressão internacional se tornou insuportável para o governo sudanês, foi convidado a se retirar e se refugiou no Afeganistão.

Ele é responsabilizado pelos atentados contra as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia, que deixaram 224 mortos, e também pelo atentado ao destroyer USS Cole, em outubro de 2000, que causou a morte de 17 marinheiros.

Com o resultado do dia 11 de setembro último, Bin Laden conseguiu uma  guerra que ainda não tem previsão de como vai terminar”.

Aí está um resumo do que aconteceu até 2005. De lá até o presente, o conflito tem aumentado, inclusive com o morte de Osama Bin Laden, noticiada pela imprensa mundial, sendo publicados os  horrores desta guerra entre Israel e Palestina.

Para finalizar, quero chamar a atenção dos israelenses e palestinos: vocês são os descendentes dos grandes líderes e profetas. O que está faltando para acabar com este conflito é o amor a Deus e ao seu próximo.

Para alertar os israelense e palestinos e a todos nós,  tomo a liberdade de transcrever o evangelho de Matheus 22-35/40, para não esquecerem que para entrar no reino de Deus, apenas temos que cumprir dois mandamentos, os quais foram transmitidos por Jesus:

E um deles, doutor da lei, interrogou-o para experimentar, dizendo:

Mestre, qual é o grande mandamento da lei?

E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o seu coração e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.

Este é o primeiro e grande mandamento.

E o segundo, semelhante a este é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.

Assim, cumprindo estes dois mandamentos, amando a Deus e ao próximo,  não faremos mal a ninguém e viveremos de acordo com o que Jesus nos ensinou.

(Tarcisio Angelo Mascarim é secretario municipal de Desenvolvimento Econômico de Piracicaba e Diretor do SIMESPI)

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Crônica de uma crise anunciada

Zeina Latif*
 
Alguns setores são relativamente mais sensíveis ao ciclo econômico. O mercado imobiliário é um deles. Otimismo se transforma em euforia e momentos de correção são logo interpretados como estouro de bolha. Os excessos do passado estão pesando sobre o mercado imobiliário neste momento. O impacto sobre a economia não será desprezível. O peso da construção civil no PIB é relevante, próximo de 15%, tendo também importante papel no mercado de trabalho.
 
Diferente do ocorrido no início da década passada, quando medidas estruturais melhoraram o ambiente regulatório e reduziram a insegurança do setor, a agenda dos últimos anos foi voltada para o incentivo à demanda. Mudança de agenda e exagero na dose. A fatura chegou.
 
Entre 2004 e 2005, importantes avanços ocorreram: a criação do Patrimônio de Afetação (tratamento individualizado para cada empreendimento da construtora), a consolidação da Alienação Fiduciária (mais garantias a credores) e correção de distorções tributárias no mercado imobiliário (isenção de IR sobre ganhos de capital quando a venda do imóvel é seguida de compra de outro em até 180 dias).
 
Já a agenda pós-crise global de 2008 foi de estímulo e subsídios à demanda, principalmente com aumento do crédito ao consumidor via bancos públicos, aliado a corte de taxas de juros. O estoque de crédito imobiliário que vinha crescendo em ritmo mais moderado, saltou de 1,8% do PIB no início de 2008 para o atual patamar de 8,9%. Como proporção da renda anual dos indivíduos, o crédito residencial saltou de 4% e para 16%.
 
Há uma diferença importante entre as duas agendas. Melhoras institucionais têm por objetivo reduzir o risco efetivo de crédito por meio, por exemplo, de melhores garantias ou menor risco jurídico. Políticas de estímulo e subsídios, por outro lado, apenas transferem o risco para uma terceira parte, muitas vezes o governo, com implicações fiscais.
 
O estímulo excessivo da demanda veio acompanhado de significativa valorização dos imóveis, com os preços atingindo alta recorde de 30% anual em meados de 2011, segundo a Fipe. A oferta reagiu rapidamente, bem como os custos do setor. Os salários na construção civil passaram a crescer em ritmo acelerado, com ajustes acima de 10% ao ano em média entre 2011 e 2013. Preços de insumos, de equipamentos e da terra também ficaram mais pressionados. As margens das construtoras não tardaram a comprimir.
 
O mercado começou a estrangular quando a demanda passou a dar sinais de arrefecimento, por conta da excessiva valorização dos imóveis e a desaceleração da economia.
 
A reação do governo foi tentar novamente estimular a demanda via maior oferta de crédito imobiliário. As concessões para pessoa física aceleraram, atingindo alta de 50% ao ano em meados de 2013. Além disso, em 2013 o governo elevou de R$ 500 mil para até R$750 mil o valor do imóvel para saque dos recursos do FGTS e o valor da casa própria a ser financiado dentro do Sistema Financeiro da Habitação. Tentativas para manter a bicicleta rodando.
 
A bicicleta está parando. A demanda por imóveis está caindo com o menor dinamismo do mercado de trabalho e com o aumento recente de inadimplência na economia, de empresas e indivíduos. No segmento residencial, pesquisa do Banco Central mostra recuo da demanda. Numa escala de -2 a +2, o indicador está em zero nos dois primeiros trimestres de 2014, o que indica neutralidade, ante 0,72 na média de 2011, quando a pesquisa começou. Assim, as concessões de crédito mobiliário crescem agora a taxas anuais bem mais moderadas: 3,5% na média dos últimos três meses até junho ante 27% na média de 2013. Este movimento pode ainda se aprofundar até que as famílias consigam equilibrar suas finanças, num quadro de deterioração do mercado de trabalho em curso.
 
Como consequência, a alta de preços de imóveis arrefece, e traz consigo margens mais estreitas para as construtoras, que ainda enfrentam pressão de custos relevante. Sondagens na construção civil mostram que, diferente do quadro dos anos anteriores, quando os principais problemas enfrentados pelos empresários do setor eram a falta de trabalhador qualificado e o custo da mão-de-obra, agora esses problemas perdem espaço e passam a concorrer com a falta de demanda. Assim, recua a confiança do empresário do setor, com os índices da FGV e da CNI apontando o caminho do pessimismo.
 
O quadro de excesso de oferta em relação à demanda deve persistir por um tempo. Talvez comprometendo 2015 e até 2016, com repercussões sobre preços ainda por vir. Segundo especialistas, há quantidade importante de construções a serem entregues. Um cenário de queda de preços relativos (preços subindo menos que a taxa de inflação) nos vários segmentos do setor poderá ser inevitável. Ajuste de preços é peça central para equilibrar o mercado.
 
O impacto perverso sobre o mercado de trabalho já aparece. O setor que tanto se destacou na geração de empregos, potencializando a queda das taxas de desemprego nos últimos anos, agora sofre. Segundo o Ministério do Trabalho (RAIS/Caged), o emprego formal na construção civil, que representa 6% do total, cresceu apenas 1,2% em 2013 e está no campo negativo em 2014, ou seja, já ocorrem demissões líquidas no setor, após ter registrado altas média de ocupação líquida de 14% ao ano entre 2005 e 2011.
 
São particularmente os trabalhadores com menor qualificação e menor renda os mais afetados, sem contar que a construção civil é muitas vezes a porta de entrada de indivíduos com menor qualificação no mercado de trabalho. Isso irá significar efeitos perversos na distribuição de renda.
 
A mensagem é clara: muito cuidado com estímulos à demanda. Quando exagerados frente às condições estruturais de oferta – como foi o caso, haja vista a forte pressão sobre os preços de fatores observada -, criam mais problemas. Produzem mais volatilidade no PIB, ao contrário do desejável, afetando o bem-estar da sociedade.
 
* Zeina Latif é doutora em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e economista-chefe da XP Investimentos. Trabalhou no Royal Bank of Scotland (RBS), ING, ABN-Amro Real e HSBC. Atua como consultora, sendo sócia da Gibraltar Consulting. Escreve colunas semanais para o Broadcast da Agência Estado.
 
Fonte: Instituto Millenium

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Produção de carros tem pior julho desde 2007 e recua 17,4% no ano

DE SÃO PAULO
06/08/2014 12h16 - Atualizado às 14h33
A produção de veículos no Brasil caiu 20,5% em julho, em relação ao mesmo período de 2013, e registrou o pior resultado para o mês desde 2007. 

No mês passado, foram produzidos 252,6 mil veículos no país, segundo a Anfavea (associação das montadoras). 

A indústria se recuperou em relação ao mês de junho, produzindo 17% de veículos a mais do que em relação ao mês, mas não o suficiente para reverter o quadro do ano. 

No acumulado de janeiro a julho, a produção soma 1,82 milhão de veículos, queda de 17,4% sobre um ano antes. 

As exportações também caíram cerca 36,7%, em relação a julho do ano passado. No acumulado entre janeiro e julho, a queda nas vendas para o exterior é de 35,4% em relação aos primeiros seis meses de 2013. 

As vendas para fora foram agravadas pela piora do cenário econômico na Argentina, que importa grande parte dos veículos exportados pelo Brasil. 

AQUECIMENTO
O final da Copa é apontado como um dos motivos para o aquecimento do mercado no mês passado, na comparação com junho. Nos primeiros quinze dias do mês, foram vendidos em média 11.500 veículos por dia. Na segunda quinzena, foram vendidos em média 13.700 veículos diariamente no país. 

As vendas também melhoraram no mês de julho. O setor vendeu 11,8% a mais do que em junho, totalizando 294.768 emplacamentos. Mas, em comparação a julho do ano passado, o número é 13,9% menor. 

O estoque de veículos diminuiu em relação ao mês de junho, passando para 39 dias. Mas o presidente da Anfavea, Luiz Moan, considera que o número ainda é "inadequado para o setor". 

A previsão do setor para 2014 é que a produção caia 10% em relação a 2013. Para as exportações, a previsão é de queda de 29,1%. 

"Em função do maior número de dias úteis nesse segundo semestre e por acharmos que o mercado ficará mais comprador, acreditamos que teremos crescimento em todas as linhas em relação ao segundo semestre", afirma Moan. 



 
LAY-OFF Com o resultado ainda ruim no ano, algumas das principais montadoras de automóveis do país preparam novas rodadas de afastamento de funcionários. 

A Fiat vai conceder férias coletivas entre 11 e 20 de agosto, quando produzirá cerca de 10 mil veículos a menos. A Ford vai adotar a mesma medida, principalmente na fábrica de Taubaté, no interior paulista. 

A General Motors já avisou aos sindicatos que haverá suspensão temporária de contrato de trabalho (lay-off) na unidade de São José dos Campos (SP). 

Um dos principais sindicatos do setor, o Sindipeças, já distribui panfletos nas fábricas, para lembrar aos trabalhadores os direitos em casos de afastamento temporário. 

MAIS SETORES
O resultado ruim do setor em 2014 tem contribuído para derrubar a produção industrial brasileira, que em junho encolheu pelo quarto mês seguido, segundo o IBGE

Como a cadeia de veículos é grande, ela acaba afetando o resultado de outros setores, com grande impacto sobre a produção nacional. 

Em junho, a produção industrial brasileira caiu 6,9% em comparação com junho do ano passado, no pior resultado desde setembro de 2009, quando fechou em -7,4%. Em relação a maio, o setor encolheu 1,4%, o pior resultado desde março. 

Dos 2,6% de queda acumulada na indústria em 2014, 1,9 ponto percentual, ou quase 75% desse mau resultado, vem da produção de veículos, que sofre pesadamente o encolhimento do país vizinho. 

A exportação de veículos brasileiros para a Argentina caiu 36% entre janeiro e julho, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. 

Muito sensível aos juros e ao crédito, o setor de bens duráveis (que inclui automóveis e eletrodomésticos) recuou 24,5% em relação a maio e 34,3 % sobre junho de 2013. Com o impasse da dívida argentina, a tendência é que a indústria continue sofrendo. 

Com reportagem de SÃO PAULO e RIO 

Fonte: Folha de S. Paulo

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Na Exame: "O futuro é dos serviços"

HUMBERTO MAIA JUNIOR

DE 1886, ANO EM QUE O AUTOMÓVEL FOI CRIADO PELO ALEMÃO Karl Benz, até 1930, entraram e saíram do mercado de carros nos Estados Unidos e na Europa, não conseguiram competir com empresas como a Ford, que em 1913 aperfeiçoou, na fábrica de Detroit, o processo de linha de montagem, logo batizado de Fordismo. O preço do modelo Fort T, que em 1908 era de 825 dólares, baixou para 360 em 1916 (cerca de 7 000 dólares em valor atual), muito mais barato do que qualquer outro concorrente. Nos anos seguintes, as empresas que sobreviveram foram as que conseguiram produzir a custos similares. Por décadas, a competitividade de uma empresa foi largamente determinada pelos ganhos de produtividade e eficiência obtidos no chão de fábrica. Essa luta pela sobrevivência levou a uma busca contínua por novas tecnologias e métodos mais eficientes de manufatura - agora a robotização e a impressão em 3D são frentes de expansão. Mas, hoje, quando se pensa nacompetitividade da indústria, é preciso olhar para outra parcela da economia: a dos serviços.

Pode soar estranho, mas é isso mesmo. Quanto mais desenvolvidos - e produtivos - forem os serviços num país, mais competitiva será a indústria. A indústria é, hoje, uma grande consumidora de marketing, inovação, logística, serviços financeiros e assistência técnica. Pode-se dizer que eles são tão ou mais importantes do que a matéria-prima ou a automação da linha de produção. A ponto de especialistas falarem que esta havendo, com o perdão do palavrão, uma "servicização" da indústria. Segundo um estudo recente da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), nos países desenvolvidos os serviços participam com 20% do valor bruto da produção industrial. Quando se analisa a relação com o valor adicionado, o número sobe para 65%. Ou seja, os serviços utilizados pela indústria dão a maior contribuição para a riqueza gerada pela própria indústria. Nos emergentes, a relação é menor: abaixo de 50%. Por que a diferença? É que os países ricos mantêm em suas fronteiras as etapas que agregam mais valor - isto é, mais lucro e riqueza -, como a inovação e o marketing, delegando aos emergentes as etapas menos nobres, como a montagem dos produtos. "O salto de competitividade das indústrias passa por uma melhora na qualidade e na produtividade dos serviços", diz Carl Dahlman, diretor de pesquisa global da OCDE.

Da interação entre indústria e serviço de alto valor muitas vezes acaba saindo algo que não é nem um nem outro. Tome-se o caso da GE Transportation, divisão da multinacional americana responsável pela fabricação de locomotivas. Até junho do ano passado, o principal foco da unidade da GE em Contagem, em Minas Gerais, era a manufatura. Em 51 anos, ali foram fabricadas 1400 locomotivas. Nos próximos 50 anos, a empresa quer ser uma "fornecedora de serviços ferroviários". Nesse sentido, a venda de 107 locomotivas para a operadora logística ALL, há um ano, poderia ser considerada quase uma estratégia de "fidelização" do cliente: junto com os trens foi entregue um contrato de 15 anos no qual a GE garante que eles estejam disponíveis para rodar pelo menos 90% do tempo. Ou seja, os trens não podem ficar parados no pátio quebrados ou à espera de manutenção - uma óbvia perda de produtividade. Como isso será cumprido? A GE tem 70 engenheiros que acompanham remotamente, por computador, o desempenho das locomotivas. As informações são comparadas em banco de dados com padrões de comportamento. Por exemplo: quais situações provocam desgaste nas peças. Com isso, os engenheiros podem antecipar os problemas e fazer manutenção preventiva. O trabalho é feito por 20 mecânicos que a empresa mantém no pátio da ALL em Araraquara, no interior paulista. Trata-se de um serviço de alta tecnologia - e alto valor agregado. Hoje, serviços nesses moldes respondem por 40% dos negócios do braço de transportes da GE no Brasil. A tendência é o número crescer. O contrato, aqui único, existe em 70% da frota ferroviária dos Estados Unidos. "Nosso objetivo passa a ser não só fazer locomotivas mas dar aos clientes a garantia de que tudo vai funcionar", diz Rogério Mendonça, presidente da GE Transportation para a América Latina. Outro ponto positivo: o contrato acaba aumentando a produtividade de fornecedor e cliente. A GE passa a ter o incentivo de fabricar peças melhores, já que não lucra com a troca delas. A ALL leva um serviço melhor. "Em um ano de contrato, ganhamos 10% de produtividade", diz Marcelo Tappis Dias, diretor de produção da ALL.

O fenômeno não se restringe aos setores intensivos em tecnologia. A Kimberly-Clark está deixando para trás o modelo de fabricar e vender produtos como papel toalha, sabonete líquido e álcool em gel. A empresa trabalha com clientes de forma análoga ao formato GE-ALL: firma contratos de fornecimento. E desenvolveu uma logística própria para garantir que o suprimento não seja interrompido. Mas vai além: em abril, criou um sistema que monitora a frequência com que médicos e enfermeiros lavam as mãos nos hospitais. Eles agora andam com um crachá dotado de um chip que anota quantas vezes acionam o dispensador de sabão. "Se ficarmos na venda de papel toalha ou álcool em gel, logo a concorrência nos alcança", diz Juan Carlos Lenis, diretor da divisão da Kimberly-Clark que atende empresas.

ESTAMOS ATRASADOS
Exemplos como os da GE e da Kimberly-Clark podem dar a impressão de que o Brasil está com a vida ganha. Longe disso. Um estudo do economista Jorge Arbache, da Universidade de Brasília, feito para a Confederação Nacional da Indústria, analisa a relação entre os dois setores. Ele mostra que os serviços participam com 12,5% do valor bruto da produção industrial brasileira e 57% do valor adicionado. O índice brasileiro é alto, próximo ao de países ricos. Mas isso não quer dizer que o Brasil tenha serviços de Primeiro Mundo. Ao contrário. "O alto valor dos serviços embutidos nos produtos brasileiros reflete o preço elevado pago por eles e o baixo valor gerado pela indústria", diz Arbache. "Na verdade, os serviços no Brasil, de modo geral, são caros, pouco produtivos e de má qualidade, o que puxa para baixo a competitividade industrial."

Para entender como essa relação funciona, podem-se dividir os serviços em dois grupos, conforme são utilizados pela indústria. O primeiro é do tipo que significa custos: logística, serviços financeiros, aluguéis, manutenção, entre outros. O segundo é o que agrega valor: inovação, design, marketing e serviços de pós-venda são os principais. "São eles que tornam um produto premium e permitem lucros maiores", escreveu a norueguesa Hildegunn Nordas, analista de comércio exterior da OCDE, num estudo chamado "O papel dos serviços para a competitividade da manufatura". Um exemplo simples está na indústria têxtil. Por que um terno chinês custa 50 dólares e um armani até 50 vezes mais? Basicamente, porque o estilista italiano diferencia seu produto com uma modelagem mais bem-acabada e por um trabalho de marca. Para isso, contrata melhores profissionais e paga salários mais altos. "Hoje, para sobreviver, a indústria depende mais de serviços inteligentes do que de processos fabris", diz Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI. Estudos mostram que o aumento de 1% na participação dos serviços no produto está associado a um aumento de 6% a 7,5% nos preços das exportações.

Para multiplicar exemplos como os da GE e da Kimberly-Clark - não por acaso, duas multinacionais - e diminuir a distância dos países desenvolvidos, o Brasil precisa elevar a produtividade nos serviços. O estudo da OCDE diz que aprimorar a educação é um investimento certeiro para o país se dotar de serviços que gerem riqueza para a indústria - e, por conseguinte, para toda a economia, já que os serviços respondem por 70% do PIB. Mas, no caso brasileiro, o que pode dar mais resultado no curto prazo é melhorar os serviços que representam custos. Entre eles a infraestrutura logística.

---------------------
A EFICIÊNCIA DE ÁREAS COMO A LOGÍSTICA É VITAL PARA ELEVAR A PRODUTIVIDADE DE TODA A ECONOMIA, JÁ QUE OS SERVIÇOS RESPONDEM POR 70% DO PIB
---------------------

Um dos principais gargalos do país são os portos, lentos e caros: receber um contêiner custa em média 2 200 dólares, e a carga demora 17 dias para ser liberada. No Vietnã, a mesma operação sai por um quarto do custo e, na Alemanha, o contêiner é liberado em até sete dias. ''No contexto mundial de 'servicização' da indústria, questões como infraestrutura deixam de ser tão relevantes", diz Jorge Arbache. "Mas, como o Brasil está atrasado nesse ponto, é preciso retirar esse gargalo." A Mexichem, dona de marcas como a de tubos plásticos Amanco, sofre com a ineficiência. Para evitar quebras de produção por atrasos na liberação de insumos importados, a empresa mantém estoque de 50 dias de produção, quando o normal seriam oito dias. "O dinheiro parado nos estoques nos impede de investir mais em automação", diz Maurício Harger, presidente da Mexichem. Por isso, investimentos em produtividade, como o feito pelo Terminal de Libra, no porto de Santos, tornam-se urgentes. Graças a esforços de treinamento, melhoria de processos e manutenção de caminhões e guindastes, o terminal saiu de 2011 para cá de uma média de 38 para 73 movimentações de contêineres por hora. Em junho, bateu o recorde sul-americano de 184 contêineres movidos em 1 hora. "Mais que bater recordes, queremos aumentar nossa eficiência para que os navios fiquem o menor tempo possível no porto", diz Marcelo Araújo, presidente do Grupo Libra. "Com isso, toda a economia se beneficia."

 Disponível em Blog Relações do Trabalho - 01/08/2014