Quando Deus criou o homem e a mulher, concedeu o poder de serem livres
e fazerem o que bem entenderem, arcando com as consequências de suas escolhas,
independentemente de serem “boas” ou “ruins”, “certas” ou “erradas”.
Assim Deus falou para Adão
e Eva que podiam fazer o que quisessem no Eden, mas advertiu que não comessem a
maçã. Com a escolha errada, Eva desobedeceu a Deus, comeu a maçã e a ofereceu a Adão, que também
comeu. Eles foram expulsos do Paraíso e, em consequência, trouxeram o sofrimento
e a morte a todos os viventes.
Dessa maneira, todos nós,
pessoas físicas, ou representantes de empresas privadas ou públicas, entidades privadas ou públicas, ou
autoridades como vereador, deputado, senador, ou presidente da República, temos
o direito da escolha em nossas decisões, sejam boas ou ruins, certas ou
erradas, arcando, no entanto, com suas consequências.
Portanto, com
esta introdução, apresento algumas escolhas feitas por pessoas em suas
decisões, que levaram o setor sucroenergético para o sucesso e para a
estagnação.
Para o sucesso, apresento
a escolha que o presidente Ernesto Geisel, em pleno regime militar, fez em
1975, ao lançar o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), o único combustível,
existente até hoje, capaz de substituir a gasolina em grandes quantidades, com
as características que todos desejam: ser economicamente competitivo e
renovável, ser ambientalmente aceito, ou seja, sem os problemas que
caracterizam os combustíveis fósseis.
Ao longo dos últimos 35
anos, o programa sofreu inúmeros tropeços,
mas sobreviveu, chegando a substituir 50% da gasolina que seria
consumida no país se ele não existesse.
A seguir, citamos outra escolha de sucesso, quando, em
2005, a direção do BNDES, incentivando a produção da cana-de-açúcar, apresentou
o plano para o atingimento da meta de um bilhão de toneladas de cana, para
atender ao mercado futuro do consumo do açúcar e do etanol. Nesta época, a
produção era de 384 milhões de toneladas. Para se atingir um bilhão de
toneladas, precisaríamos de mais 616 milhões de toneladas, que dariam a
possibilidade da construção de 205 novas usinas, de três milhões de toneladas
de cana, cada uma, pelas empresas de bens de capital.
O setor sucroenergético
vinha atendendo à sua responsabilidade, pois, na safra de 2010/2011, atingiu a
produção de 624 milhões de toneladas de cana, o que equivale a 62% de aumento,
com a construção de mais de 100 novas usinas.
Agora, cito a escolha
errada e equivocada,
da nossa Presidente, que, a partir de 2009, manteve o preço da gasolina, com a finalidade
de evitar o aumento da inflação, sem estudar outras alternativas. A
consequência disto foi a estagnação do setor sucroenergético como um todo.
Com esta escolha, a nossa
Presidente quebrou o setor sucroenergético e contribuiu com mais de US$ 25
bilhões de prejuizo à Petrobras.
A nossa Presidente não
se importou com os investimentos em tecnologia feitos pelas empresas de bens de
capital, produtoras das usinas voltadas para o setor sucroenergético. Como
exemplo, cito a maior empresa de bens de capital do setor, a Dedini S.A.
Indústrias de Base, que estava pronta para apresentar ao mercado o seu
investimento na USD – Usina Sustentável Dedini, cuja tecnologia traria as
seguintes otimizações: máxima produção de bioaçúcar (usina); máxima produção de
bioetanol (destilaria); máxima produção de bioeletricidade (usina ou
destilaria); produção balanceada e flexível de bioaçúcar e bioetanol (usina);
produção integrada com biodiesel de primeira e segunda geração (usina ou
destilaria); não consome água externa e produz bioágua (usina ou destilaria);
produção de biofom, o biofertilizante organo-mineral (usina ou destilaria);
potencializa a mitigação dos GEE – gases de efeito estufa (usina ou
destilaria).
Em 2011, estudando a
situação do setor sucroenergético e o
mercado futuro do açúcar e etanol, o
BNDES, por meio de seus especialistas da área de bioenergia,
elaborou um trabalho sobre o setor sucroenergético. Pesquisando o mercado de
açúcar e etanol, consultando os fabricantes de bens de capital, os produtores
de cana-de-açúcar e os produtores de açúcar e etanol, chegou a seguinte: “Conclusão – O setor sucroenergético
empreendeu um grande esforço de investimento ao longo do período de 2005 a
2009, o que resultou na inauguração de mais de cem novas unidades industriais.
A partir de 2009, contudo, o setor passou a enfrentar período de estagnação dos
investimentos e, com isso, experimentou redução significativa das encomendas de
bens de capital sucroenergéticos. A continuidade desse cenário tem gerado
ambiente econômico adverso para os fabricantes, em especial para aqueles mais
dependentes das encomendas do setor sucroenergético. Por outro lado, dadas as
projeções de demanda de açúcar e etanol brasileiros, estima-se que 134 novas
usinas, com capacidade de moagem de quatro milhões de toneladas de cana cada.
Isso equivale à instalação de cerca de 17 unidades por safra a partir de
2013/2014. E dentro desse contexto que, com base na pesquisa de campo com os
principais fornecedores de bens de capital sucroenergético e grandes grupos de
usinas, este artigo procurou identificar se o atual parque fabril de máquinas e
equipamentos para açúcar e etanol, mesmo enfrentando um período duradouro de
baixo volume de encomendas, estaria em condições de atender o novo ciclo
vigoroso de investimentos em novas usinas sucroenergéticas”.
Não dá para entender como um trabalho deste porte (60 páginas), encontra-se arquivado, e a Presidente ainda
escolhe manter o preço da gasolina.
Por outro lado, quando
analisamos as corrupções levantadas pelo “mensalão”, - e agora pelo “petrolão”
- podemos entender que as escolhas do governo foram para a manutenção e
permanência do poder.
Mas, como toda escolha tem sua consequência,
podemos ver estampada em todas as mídias, a situação de uma empresa pública
como a Petrobras, corroída pelas corrupções existentes, que de décimo lugar, em
2012, entre as 2000 empresas maiores do mundo, cai para 416o. lugar.
Mas, não é só isso. A
economia está um “caos”, com os juros mais altos do mundo, inflação que já
passou dos 8%, o desemprego que não para de aumentar, a falta de credibilidade
de nosso governo, etc.
Em entrevista feita pela
jornalista da revista Veja - edição 2425 - ano 48 - no. 19 de 13-05-15, Claudia Andrade, com o economista americano
Robert Klitgaard, ele apresenta uma
fórmula matemática sobre “corrupções”: C (Corrupção) = M (Monopólio, que é a
concentração do poder econômico e decisório) + D (Discricionariedade, em que
poucas pessoas tenham um poder decisório muito grande) – T (Transparência, que
é a falta de transparência dos negócios).
Está aí a solução para
evitar as corrupções: a) Evitar o monopólio; b) Evitar a discricionariedade; e
c) Dar transparência aos negócios, por meio da imprensa, tanto aos negócios internos, como aos
negócios externos.
Com isso, acredito no que o
economista americano Robert Klitgaard diz: “No futuro, a corrupção será tão
impensável quanto a escravidão, que já foi regra em nosso mundo, é para nós.
Compartilho desse otimismo”.
Finalizando, só espero que a justiça dos homens, possa
ajudar na recuperação da credibilidade de nosso país.
(Tarcisio
Angelo Mascarim é secretário de Desenvolvimento Econômico de Piracicaba e
diretor do SIMESPI)
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